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Pessoas que sofrem de microangiopatias trombóticas (TMAs) muitas vezes enfrentam problemas de saúde mental e baixa qualidade de vida, mesmo anos em remissão, descobriu um novo estudo.
O relatório, publicado no Journal of Critical Care , mostrou que metade das pessoas com púrpura trombocitopênica trombótica imunomediada (iTTP) e síndrome hemolítico-urêmica atípica (SHUa) relatou sintomas de ansiedade, e um quarto dos pacientes apresentou sintomas de estresse pós-traumático transtorno (TEPT).
Historicamente, os TMAs eram mais comumente fatais, mas novas opções terapêuticas criaram um novo paradigma no qual 80% a 90% dos pacientes sobrevivem, observaram os autores do estudo.
“Como resultado, surgiram dados de longo prazo em sobreviventes, mostrando uma carga substancial de doenças residuais, incluindo problemas de saúde mental que podem ser difíceis de detectar”, escreveram eles.
No entanto, embora haja evidências substanciais de que a saúde mental pode ser afetada pelas doenças raras, pouco se sabe sobre a prevalência dos problemas de saúde mental nessa população de pacientes ou como esses problemas afetam a qualidade de vida (QV) dos pacientes.
Para entender melhor as implicações para a saúde mental do iTTP e da SHUa, os pesquisadores decidiram realizar entrevistas por telefone com os pacientes 72 meses após a alta da unidade de terapia intensiva. O objetivo era medir os sintomas de ansiedade, depressão e PTSD e avaliar a QV dos participantes usando o questionário de forma curta de 36 itens ( SF -36).
Os pesquisadores puderam entrevistar 103 pacientes, dos quais 52 tiveram iTTP e 51 tiveram aHUS; 74% eram do sexo feminino. Os investigadores descobriram que 50% dos entrevistados apresentavam sintomas de ansiedade, 27% apresentavam sintomas de TEPT e 14% apresentavam sintomas de depressão.
Essas taxas foram geralmente semelhantes entre as duas coortes de doenças, disseram os autores. No entanto, diferenças significativas nos resultados foram observadas com base em outros fatores.
Por exemplo, as pessoas que relataram sintomas de TEPT eram mais propensas a ganhar peso, relataram sentir-se menos bem tanto emocional quanto fisicamente e apresentaram sintomas de ansiedade e depressão. As pessoas com SHUa com PTSD também apresentaram comprometimento significativamente maior da qualidade de vida em comparação com pessoas com iTTP, independentemente de terem PTSD, descobriram os autores.
No entanto, o tratamento também pareceu fazer uma diferença significativa, descobriram os autores. Metade dos pacientes com SHUa estava tomando eculizumabe (Soliris), e esses pacientes tiveram QV significativamente melhor do que seus pares que não estavam tomando a terapia.
Os investigadores também encontraram outros fatores preditivos.
“A baixa contagem de plaquetas durante o episódio inicial de TMA e a terapia atual com TMA mostraram associações independentes e positivas com sintomas de TEPT, enquanto o sexo masculino foi protetor”, escreveram eles.
Outros fatores não parecem estar associados a resultados de saúde mental. Por exemplo, a quantidade de tempo desde o episódio agudo não afetou a prevalência ou gravidade dos sistemas de saúde mental, de acordo com os dados, nem a existência ou o número de recaídas que um paciente experimentou, disseram os autores. Finalmente, a presença de sinais cardíacos ou neurológicos durante o episódio agudo não pareceu se correlacionar com sintomas de TEPT.
Os autores disseram que seu estudo estava sujeito a várias limitações. Por um lado, eles excluíram pacientes com iTTP que estavam tomando caplacizumabe (Cablivi), uma vez que o medicamento ainda não estava disponível no início do período do estudo. Desde então, a terapia se tornou a terapia de primeira linha para iTTP, e os autores disseram que ela foi associada a melhores resultados de qualidade de vida.
Além disso, os autores alertaram que seu estudo foi projetado apenas para identificar sintomas de transtornos de saúde mental e, portanto, não reflete diagnósticos reais. Eles disseram que a prevalência de sintomas de saúde mental, no entanto, é suficiente para justificar mais pesquisas e exames vigilantes.
“Na prática clínica, avaliações de rotina para sintomas de saúde mental, incluindo aqueles que sugerem TEPT, parecem justificadas na esperança de que o encaminhamento e tratamento precoces possam melhorar os resultados dos pacientes”, concluíram.
Referência
Azoulay E, Souppart V, Kentish-Barnes N, et al. Transtorno de estresse pós-traumático e alterações na qualidade de vida em sobreviventes de púrpura trombocitopênica trombótica imunomediada e síndrome hemolítica e urêmica atípica. Publicado online em 15 de março de 2023. J Crit Care . doi:10.1016/j.jcrc.2023.154283
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